domingo, 28 de junho de 2015



Espetáculo performático Cidade Cega estreia em Salvador


Projeto propõe ao público  ampliar e refletir sobre as possíveis cegueiras; texto é  inspirado nas Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, e a peça Os cegos, de Michel de Ghelderode e Maurice Maeterlinck.  


Experenciar a Cidade sob uma nova ótica é o desafio do espetáculo performático Cidade Cega, que estreia na Praça do Campo Grande no dia 17 de julho.  A proposta é que o público, que também será participante,  possa perceber a Cidade além do sentido da visão e ampliar, com isso, a sensorialidade sobre a cidade.  O que resta da Cidade sem a visão? Cheiros, sabores,  tato, audição e um elemento extra: a confiança. “Queremos conquistar a confiança dos participantes da performance, pois durante todo o tempo eles estarão com olhos  vendados e guiados por nós. Só vai sentir quem se permitir”, alerta  Carlos Alberto Ferreira, encenador que idealizou a performance teatral a partir de sua pesquisa de doutorado na Escola de Teatro da UFBA.  


Na condução desse espetáculo estão cinco atores do grupo de teatro Noz Cegos, formado por deficientes visuais, além de uma atriz vidente, Milena Flick.  A experiência de participar do espetáculo performático é gratuita, a cada exibição são disponibilizadas 20, 10 para inscritos presenciais e a outra metade para inscritos na plataforma do blog cidadecega.blogspot.com.br.    

Descrição da foto:

Fotografia em preto e branco de um ensaio da peça Cidade Cega. Uma fileira de quatro pessoas (na frente Cristina guiando o grupo, atrás Gilson Ferreira, em seguida, Val e, por fim, Rutiara que está com os olhos vendados e é a última da fila. Em outra direção, Milena Flick caminhando em sentido contrário das outras pessoas. Fotografia de Victor Hugo Sá
 — em Escola de Teatro UFBA.
“O espetáculo se propõe a pensar a cegueira de uma forma amplificada e poética. É cego aquele que não ver ou é cego aquele que se recusa a enxergar uma pessoa ao lado e ignorar a realidade? O que é de fato o resultado de uma cegueira?”, questiona Carlos Alberto. O texto é inspirado nas obras literárias Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago, e a peças Os cegos, de Michel de Ghelderode e Maurice Maeterlinck, sendo estas responsáveis por criar uma dramaturgia em que atores e público constroem conjuntamente uma intervenção urbana no Centro de Salvador.


As narrativas são conduzidas por atores/performers que vão guiar estimular os participantes (que estarão com os olhos vendados) a vivenciar e construir uma experiência a partir da ampliação dos demais sentidos, para além da visão, construindo um sentido metafórico da Cidade, onde as emoções  e sessões de público também serão também elementos dramatúrgicos do espetáculo. 
Descrição da foto:

Fotografia em preto e branco de um ensaio da peça Cidade Cega. Seis pessoas ( dois homens e quatro mulheres) de mãos dadas formam uma roda em uma sala com cadeiras vazias. A imagem é refletida em um grande espelho que há na sala. Fotografia de Victor Hugo Sá
 — em Escola de Teatro UFBA.
Integração é mais que inclusão

Em torno de 30 artistas participam da  intervenção urbana,  sendo a maioria deficientes visuais.  Além dos cinco  atores do  grupo Noz Cegos, também participam alguns integrantes do Coral do CAP (Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual) . A inclusão desses artistas, no entanto, não é a causa do espetáculo, e sim uma consequência, pois com o tema cegueira em mãos, o  encenador percebeu que atores videntes ou cegos poderiam causar o mesmo impacto final. Porém, Carlos Alberto Ferreira  preferiu optar pelo desafio artístico de integrar artistas videntes e  deficientes visuais que carregam em si a inquietação de compreender a cidade de uma maneira mais investigativa e sensorial.

“Não somos cegos atores, somos atores cegos”, sintetiza o ator Cláudio Vilas Boas,  que já participou de outros espetáculos teatrais e se mostra ansioso com a reação do público, que dessa vez terá a oportunidade de se concentrar em outros sentidos para experienciar uma obra artística.  Para Claúdio, outra diferença marcante, é que a performance não foca apenas  nas dificuldades de inclusão dos deficientes visuais, mas sim nas dificuldades de qualquer cidadão.
O projeto Cidade Cega foi um dos contemplados no edital FUNARTE Artes na Rua 2014 e conta com o apoio da Escola de Teatro da UFBA.  

Serviço
O que: Cidade Cega
Quando: de 17 a 26/julho sextas, sábados e domingos, às 19h (inscritos devem chegar às 18h) e sessões extras às 20h nos sábados (18 e 25/07)
Onde: Praça do Campo Grande, Salvador
Quanto: Gratuito (inscrições prévias através cegacidade@gmail.com)


Assessoria de imprensa/ Freeda Comunicação 
Rebeca Bastos (71) 8511 3892 / 9319 5413

Juliana Souza (71) 9399-5857

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