Espetáculo performático Cidade Cega estreia em Salvador
Projeto propõe ao público ampliar e refletir sobre as possíveis cegueiras; texto é inspirado nas Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, e a peça Os cegos, de Michel de Ghelderode e Maurice Maeterlinck.
Experenciar
a Cidade sob uma nova ótica é o desafio do espetáculo performático Cidade Cega,
que estreia na Praça do Campo Grande no dia 17 de julho. A proposta é que o público, que também será
participante, possa perceber a Cidade
além do sentido da visão e ampliar, com isso, a sensorialidade sobre a
cidade. O que resta da Cidade sem a
visão? Cheiros, sabores, tato, audição e
um elemento extra: a confiança. “Queremos conquistar a confiança dos
participantes da performance, pois durante todo o tempo eles estarão com olhos vendados e guiados por nós. Só vai sentir quem
se permitir”, alerta Carlos Alberto
Ferreira, encenador que idealizou a performance teatral a partir de sua
pesquisa de doutorado na Escola de Teatro da UFBA.
Na condução desse
espetáculo estão cinco atores do grupo de teatro
Noz Cegos, formado por deficientes visuais, além de uma atriz vidente, Milena
Flick. A experiência de participar do
espetáculo performático é gratuita, a cada exibição são disponibilizadas 20, 10
para inscritos presenciais e a outra metade para inscritos na plataforma do blog
cidadecega.blogspot.com.br.
Descrição da foto: Fotografia em preto e branco de um ensaio da peça Cidade Cega. Uma fileira de quatro pessoas (na frente Cristina guiando o grupo, atrás Gilson Ferreira, em seguida, Val e, por fim, Rutiara que está com os olhos vendados e é a última da fila. Em outra direção, Milena Flick caminhando em sentido contrário das outras pessoas. Fotografia de Victor Hugo Sá — em Escola de Teatro UFBA. |
“O espetáculo se
propõe a pensar a cegueira de uma forma amplificada e poética. É cego aquele
que não ver ou é cego aquele que se recusa a enxergar uma pessoa ao lado e
ignorar a realidade? O que é de fato o resultado de uma cegueira?”, questiona
Carlos Alberto. O texto é inspirado nas obras
literárias Ensaio sobre a
Cegueira de José Saramago, e
a peças Os cegos, de Michel de Ghelderode e Maurice Maeterlinck,
sendo estas responsáveis por criar uma dramaturgia em que atores e público
constroem conjuntamente uma intervenção urbana no Centro de Salvador.
As narrativas são
conduzidas por atores/performers que vão guiar estimular os participantes (que
estarão com os olhos vendados) a vivenciar e construir uma experiência a partir
da ampliação dos demais sentidos, para além da visão, construindo um sentido
metafórico da Cidade, onde as emoções e
sessões de público também serão também elementos dramatúrgicos do espetáculo.
Descrição da foto: Fotografia em preto e branco de um ensaio da peça Cidade Cega. Seis pessoas ( dois homens e quatro mulheres) de mãos dadas formam uma roda em uma sala com cadeiras vazias. A imagem é refletida em um grande espelho que há na sala. Fotografia de Victor Hugo Sá — em Escola de Teatro UFBA. |
Integração
é mais que inclusão
Em torno de 30
artistas participam da intervenção
urbana, sendo a maioria deficientes
visuais. Além dos cinco atores do
grupo Noz Cegos, também participam alguns integrantes do Coral do
CAP (Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual) .
A inclusão desses artistas, no entanto, não é a
causa do espetáculo, e sim uma consequência, pois com o tema cegueira em mãos,
o encenador percebeu que atores videntes
ou cegos poderiam causar o mesmo impacto final. Porém, Carlos Alberto Ferreira preferiu optar pelo desafio artístico de
integrar artistas videntes e deficientes
visuais que carregam em si a inquietação de compreender a cidade de uma maneira
mais investigativa e sensorial.
“Não somos
cegos atores, somos atores cegos”, sintetiza o ator Cláudio Vilas Boas, que já participou de outros espetáculos
teatrais e se mostra ansioso com a reação do público, que dessa vez terá a
oportunidade de se concentrar em outros sentidos para experienciar uma obra
artística. Para Claúdio, outra diferença
marcante, é que a performance não foca apenas
nas dificuldades de inclusão dos deficientes visuais, mas sim nas
dificuldades de qualquer cidadão.
O projeto Cidade Cega foi um dos
contemplados no edital FUNARTE Artes na Rua 2014 e conta com o apoio da Escola
de Teatro da UFBA.
Serviço
O que: Cidade Cega
Quando: de 17 a 26/julho sextas, sábados e
domingos, às 19h (inscritos devem chegar às 18h) e sessões extras às 20h nos
sábados (18 e 25/07)
Onde: Praça do Campo Grande, Salvador
Assessoria de imprensa/ Freeda Comunicação
Rebeca Bastos (71) 8511 3892 / 9319 5413
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